terça-feira, 17 de maio de 2011

A Cartomante

Conforme ditado popular ainda há gente que cai “no conto do vigário”. Era numa quinta-feira de abril no ano de 2010. Joice estava junto de João Luís numa cidade vizinha à sua num motel. Estavam muito à vontade no quarto quando ela disse à ele que tinha ido visitar uma cartomante que diziam adivinhar as coisas.
-João, fui visitar aquela cartomante que te falei na mensagem que enviei pelo celular. Fiquei impressionada com o poder dela, percebeu que eu tenho medo de te perder e que gosto muito de ti.
-Ora Joice! Você acredita nisso? Se elas adivinhassem o futuro estariam com uma situação financeira bem melhor! Não seja ingênua! Estas cartomantes só iludem as pessoas.
-Por favor João! Ela realmente adivinha!!! Ela descobriu o nosso caso e que somos muito felizes e disse que iremos ficar juntos. João pegou suas mãos olhou bem em seus olhos e disse que ela não tinha motivo para isso, para ter medo e desconfianças do amor deles. Que se cuidasse melhor pois, Jorge poderia desconfiar destas saídas ou da justificativa dela precisar ir à cartomantes.
João falou ser descrente com as cartomantes, que isso era ilusão, o importante era aproveitar o momento ali, depois ele precisava voltar para o trabalho, pois mentiu que tinha uma consulta médica. Após, foram embora do motel e ele deixou-a na rodoviária para pegar o ônibus de volta à Seberi, cidade em que moravam .
Joice, João Luís e Jorge três nomes, uma aventura amorosa e nenhuma explicação das origens. Vamos à ela. João Luís tinha 32 anos conhecia Jorge com 39 anos por trabalharem na mesma empresa de peças automotivas. Os dois em cargos diferentes dentro da empresa, se encontravam constantemente nas confraternizações com suas esposas. Sim, João Luís também era casado com Francisca. No ano de 2007 os dois que trabalhavam na mesma cidade se encontravam com suas esposas constantemente, com tantos jantares e bailes, muita convivência trouxe intimidade.
Pouco depois João Luís perdeu seu pai num acidente de trânsito que o abalou profundamente. Jorge ajudou o amigo no que pode e Joice cuidou do seu coração. Começaram primeiro com conversas individuais em que João ia à casa de Joice encontrar com o amigo para desabafar, como ele jogava bola quem deu atenção foi Joice. E aos poucos eles foram se aproximando, promovendo um maior número de encontros dos casais até marcarem um encontro na cidade vizinha, ninguém perceberia, ela foi de ônibus mentindo ter marcado uma consulta no ginecologista, ele também. Os dois se envolveram muito e já não controlavam a paixão. Joice como uma cobra venenosa seduziu João Luís e paralisou-o em seu veneno.
Certo dia João Luís estando em casa, recebeu uma mensagem no celular anônima chamando-o de imoral, adúltero, que iria pagar pelo que estava fazendo à Jorge seu colega de empresa, e a pessoa dizia que muitos sabiam do adultério. Ele começou a pensar e percebeu que há algum tempo Jorge não o procurava mais. E aos poucos o casal se afastou. Joice até procurou uma cartomante não estando preocupada em cair no conto do vigário pois, estava aflita quanto à posição de João, novamente a cartomante disse à ela que ele o amava.
Quando a consciência acusa não há mais tranqüilidade, o medo de João Luís era que esta pessoa teria ido contar a Jorge sobre seu relacionamento com Joice, hoje em dia há várias maneiras de entregar alguém.
Acontece que Joice começou receber também mensagens no celular de número não identificado. Ela começou a ter medo e entrou em contato com João Luís comparando as mensagens possuíam o mesmo teor de informação, deveria ser a mesma pessoa. Resolveram dar um tempo para baixar a poeira.
Passaram-se duas semanas e João Luís estava em casa tomando chimarrão com a esposa quando acusou uma mensagem no celular. João trazia o celular sempre consigo, no bolso e deixava no silencioso para que a esposa não o questionasse.
Foi ao banheiro e leu a seguinte mensagem: “Venha hoje em minha casa sozinho, tenho problemas, preciso urgentemente falar contigo, não falte!” Jorge. João ficou pensando o que seria? Mostrou a mensagem à mulher que também ficou a ver navios.
À noite João Luís resolveu ir ao encontro do amigo, mas estava começando a ficar muito nervoso, muito mesmo. Aquela mensagem vinha-lhe à mente o tempo todo: “Venha hoje em minha casa sozinho, tenho problemas, preciso urgentemente falar contigo, não falte!” Jorge.
Resolveu ir cedo de bicicleta, pois moravam na mesma cidade, assim faria belo exercício. Saiu, despediu-se da esposa e seguiu pela rua do centro, acontece que deu um acidente grave que interditou a rua, João precisou seguir por outra rua lateral e lá viu em uma casa de madeira uma placa mal escrita: Cartomante. “Consulte hoje e esteja tranqüilo amanhã”. E como diz o ditado popular ainda há gente que cai “no conto do vigário”.
Parou e pensou que não custava nada fazer uma consulta. E novamente vinha-lhe à mente: “Venha hoje em minha casa sozinho, tenho problemas, preciso urgentemente falar contigo, não falte!” Jorge. Lembrou que Joice acreditava em cartomantes e com a situação que se apresentava resolveu entrar.
A casa era mal cuidada, tinham tijolos em vez de calçadas. A porta de madeira era corroída,quando ele bateu, rangeu a porta. A cartomante mandou-o entrar. Ele quase se arrependeu pois a aparência dela era feia, cabelos descuidados, mãos enrugadas, um vestido antigo. Mandou-o sentar, se acomodar bem. A sala tinha péssima iluminação. Ela olhou-o e disse que ele estava com algum problema que o deixava aflito, João ficou maravilhado! Ela pediu que ele partisse o baralho em três partes iguais. Assim ele o fez. Ela disse que ela o amava que eles seriam felizes juntos mas, que ele precisava tomar uma decisão antes. Ele pensou vou me separar da esposa.
A cartomante disse que este dia terminaria muito feliz que ficasse calmo e aproveitasse o que ainda restava. João pediu o preço da consulta ela disse que tinha que partir de seu coração mas, que necessitava de dinheiro para remédios, ele pôs uma nota de R$ 100,00 ela quase não acreditou e disse: Ela merece todo seu amor, vai menino apaixonado!
João pegou sua bicicleta e foi à casa de Jorge estava feliz e tranqüilo. Ao chegar, deu um toque para a esposa e desligou o celular. Percebeu que tudo estava fechado, silencioso, mas continuou. Pôs sua bicicleta na área e apertou o botão da campainha.
A porta se abriu naturalmente quando João Luís adentrou a casa Joice estava caída no chão toda ensangüentada, morta. Ele ficou branco horrorizado, atrás da porta Jorge desfigurado, empurrou-o e eletrocutou-o com um aparelho de choque, com laser e laterna que focava seus olhos. João caiu no chão, Jorge amarrou-o numa cadeira e quando este acordou viu Jorge sentado em sua frente. E disse-lhe ironicamente:
-Você é um amigo tão leal, mas tão leal que ousa seduzir minha mulher quando já tens a tua? O estado que ela se encontra (morta) é responsabilidade sua. Sua morte também será sua responsabilidade João Luís, esta história todos saberão e você não poderá se defender porque estará morto. Você destruiu a mim, a ela, a sua esposa e a você mesmo, que conclusão de vida maravilhosa é esta! Você vai morrer e eu também! Mas antes tenho aqui tudo escrito como aconteceu, quando começou, fotografias de suas idas ao motel, muitas provas. Sua família vai conhecê-lo depois de sua morte! Está satisfeito? Você acha que eu não contrataria um detetive? A conta telefônica me entregou você com facilidade... muitos minutos duraram suas conversas com Joice! Seus encontros eu soube de todos! Como você acha que me sinto?
João estava sem forças, não tinha o que fazer, nem reagir pois, seu amigo estava transfigurado com tanto ódio que sentia. Num ímpeto Jorge crava a faca no coração de seu amigo, deixa-o ali daquele jeito, pega o celular liga para a polícia e denuncia um crime acontecido dizendo o endereço. Neste momento vai até seu quarto, pega sua arma e com uma carta em mãos senta e se suicida. Neste momento tocam as sirenes dos carros da polícia que estacionam em frente sua casa. Tudo está consumado.

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